segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Última Parada de uma Vida Desviada pela Violência



Instigante... Assim eu definiria o filme “Última Paradas 174” do diretor Bruno Barreto. O filme revisita a história do jovem que seqüestrou o ônibus da linha 174 em 12 de Junho de 2000 no Rio de Janeiro. Como já é de conhecimento comum a história toda acabou num grande desastre. Uma das reféns foi morta tragicamente assim como o seqüestrador do ônibus numa ação desastrosa da policia. Mas e aí, o que há de tão especial no filme? O filme é muito bem feito sim e foi escolhido para concorrer à vaga do Oscar 2010 pelo cinema nacional (premio que é dado aos melhores filmes do ano segundo a academia cinematográfica Estadunidense). No entanto, o que mais chama atenção no filme é a HISTÓRIA que claro tem uma boa dose de ficção, mas que também é carregada de uma carga real infalível em filmes que tem como plano de fundo fatos que ganharam destaque midiático.
Quando o fato ocorreu o que saltou aos meus olhos foi a imagem tendenciosa que a imprensa divulgou na época: um homem aparentemente drogado apontando uma arma pra cabeça de uma jovem, gritando coisas sem sentido e transformando não só a vida dele mas também a vida de tantas outras pessoas que estavam naquele ônibus. Sandro era um jovem como outro qualquer que perdeu a mãe vítima da violência e que anos depois foi ele mesmo vítima da mesma violência. A reflexão que fiz depois que assisti ao filme “Última Paradas 174” é que aquele menino foi tão vítima naquele caso quanto a mulher morta pela policia; talvez Sandro nunca tivesse atirado naquela jovem (eu acredito que ele não teria feito)... Quando tudo acontece de maneira tortuosa é muito mais simples enveredar pelos caminhos errados que levam ao nada ou ao fim precoce. Mas o fato é que a “verdade” nós nunca saberemos. Não dá pra mensurar o quão afetado pela droga ele estava naquele fatídico dia e nem qual seria a sua reação quando desceu daquele ônibus disposto a colocar um fim naquela situação... O que ficou em mim foi uma incrível compreensão da situação que levou Sandro Nascimento a cometer tal ato. E ficou também a sensação de como somos pequenos e passivos diante dos problemas que afetam ao nosso próximo.
O filme “Última Parada 174” é uma incrível oportunidade de crescimento humano...
Por Jordânia Azevedo


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